quarta-feira, 6 de maio de 2009

Quando busco a meu Deus...


"Quando eu busco a meu Deus, não busco forma de corpo, nem formosura transitória, nem brancura de luz, nem melodia de canto, nem perfume de flores, nem unguentos aromáticos, nem mel, nem maná deleitável ao paladar, nem outra coisa que possa ser tocada ou abraçada. Nada disso busco, quando busco a meu Deus. Porém, acima de tudo isso, quando busco a meu Deus, busco uma luz sobre toda luz, que os olhos não veem; e uma voz sobre toda a voz, que os ouvidos não ouvem; e um perfume sobre todo perfume, que o nariz não sente; e uma doçura sobre toda a doçura , que o paladar não conhece; e um abraço sobre todos os abraços, que o tato não alcança. Porque esta luz resplandece onde não há lugar, e esta voz soa onde o ar não a leva, e este perfume é sentido onde o vento não derrama, e este sabor deleita onde não há paladar, e este abraço é recebido onde nunca será desfeito."

(Uma linda descrição do cristão em busca do nosso Deus, feita por Aurélio Agostinho em resposta à Aristófanes ou Erixímaco, quando lhe perguntavam se ele também estava ali para beber em honra a Dionísio, quando Agostinho invadiu um banquete pagão onde estavam presentes Fedro, retórico; Ágaton, poeta e dono da festa; Aristófanes, comediógrafo; Aristodemo, discípulo de Sócrates; Erixímaco, médico; Pausânias, artista plástico, e o militar Alcibíades.)

Percebemos imediatamente que o bravo e douto Agostinho entrara ali para higienizar, moralizar e cristianizar aquele banquete pagão.
(Texto extraído)


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